sábado, 5 de junho de 2010

Falando Em Música Entrevista: Rafael Castro

Para começar muito bem o mês de Junho, entrevistamos o músico Rafael Castro. Prodígio, compositor, produtor e recordista quando o assunto é disco independente. Com 8 álbuns gravados em apenas 3 anos, ele é um dos destaques da música brasileira independente.



F.E.M: Em suas músicas, todos os intrumentos é você quem grava. Quando surgiu o seu interesse pela música? E aproveitando, quantos intrumentos você toca?

Rafael Castro: Surgiu quando eu ainda era bem miúdo. Tinha um daqueles pianinhos Hering em casa e eu ficava fazendo umas melodias ali. Depois de um tempo, comecei a fazer aula de piano e por aí foi. Toco poucas coisas decentemente: piano, guitarra, baixo e bateria. Às vezes eu arrisco alguma coisa ou outra diferente, mas na simploriedade, só pra fazer alguma trilha pra uma gravação.


F.EM: Qual é a influência da sua infância e família para a escolha de ser músico?

Rafael Castro: Acho que tem a ver com essa história do pianinho estar ali marcando presença desde o princípio. Quando eu era menino os pais achavam bonitinho o garoto se interessar por isso, daí eles incentivavam. Mais tarde quando eu renunciei as atividades e disse que só queria tocar rolou uma resistência, mas aos poucos eles viram que eu não tava só querendo usar drogas e pegar mulher.


F.E.M: Quando e como surgiu a idéia de gravar músicas independentes e colocar pra download?

Rafael Castro: Eu sempre fiz música. Escrevia, tocava um tempo, daí eu achava uma droga, ia esquecendo e fazendo novas. Um dia eu peguei um desses programas de gravar e comecei a me encantar com o negócio. A partir daí já começou a surgir a vontade de fazer um disco, mais por brincadeira mesmo, pra se divertir. Fiz um, depois outro, depois outro e quando tinha uns quatro discos o pessoal que acompanhava aqui em Lençóis começou a buzinar pra eu mostrar essas coisas, fazer myspace, etc.


F.E.M: Ao ouvir seus discos percebe-se uma grande influência da banda americana CAKE. Quais outros artistas você tem como influência?

Rafael Castro: Eu acho que os caras que eu mais chupo o estilo pra cantar são: Elvis Presley, Jards Macalé, Raulzito, Jack White e Jorge Mautner. No som eu não consigo identificar de onde vêm cada coisa, tem influencia desde música de videogame, passando pela galera que está no independente também, lançando disco agora, até o último sucesso chiclete da FM.


F.E.M: Em 3 anos você gravou 8 álbuns, sendo alguns deles "Combustão Espontânea", "A Serenata do Capeta", "Amor, Amor, Amor", entre outros. Como surgem as idéias de letras para as composições?

Rafael Castro: Não sei como surgem, não. Tem de tudo ali, a vida dos amigos, a minha própria, a televisão, os gibis... A música vai pedindo a letra e eu vou tendo que alimentar, aí vem o que vier. Geralmente eu componho quando eu estou puto com alguma coisa. Por associação, as letras vêm dessa putice. Deve ser isso.


F.E.M: De uns anos pra cá houve uma grande expansão da cena independente. Pra você o que é melhor? Ser independente ou ter gravadora?

Rafael Castro: Acho que a longo prazo ser independente é melhor. Gravadoras são um esquema que funciona a curto prazo: circula, bomba, expõe pacas e depois murcha. Esse esquema predatório parece que faz o artista perder a graça, é perigoso e triste.


F.E.M: Pela falta de credibilidade, repercussão, entre outras coisas que faltam para um músico independente, você resolveu comprar gerador para facilitar shows em lugares abertos. Como e quando você teve essa idéia?

Rafael Castro: Queríamos tocar pra galera que não se liga no circuito das casas de show, pra galera que nem sabe da existência de muitas bandas que estão presas a esses palcos, além das pessoas que moram em cidades pequenas como Lençóis Paulista. Existia um plano comunista utópico de juntar uma galera e começar a tocar em muitos lugares, formar um público completamente novo que nunca viria se nos bastasse os palcos já existentes. Tamos dando pequenos passos em direção a isso, experimentando, vendo como isso pode funcionar, sondando parceiros, gente que se interessaria em fortalecer esse modelo de apresentação, se integrando nele. Em pequenas proporções isso pode rolar legal. Estamos animados.


F.E.M: Qual é o TOP 10 do Rafael Castro? Artistas e discos favoritos.

Rafael Castro: Esse Top 10 aí é uma coisa mutante, né. Gosto muito dos artistas novos que tocam nos mesmos lugares que eu, até. Gosto do Pélico, da Tulipa Ruiz, do Instiga, Pullovers, Milocovik, Apanhador Só... Gente que eu trombo nos shows. São esses caras que eu ouço mais, nas viagens que a gente faz (em casa eu pouco ouço música). Aqueles discões clássicos ficaram meio empoeirados aqui na vitrola; tô interessado no que está surgindo.
Quando eu tiver uns 40 anos a gente refaz a entrevista, aí eu construo um top 10 honesto. =)

Um comentário:

  1. Sou fã do Rafael!
    Fui reencontrar o pessoal da faculdade e dentre eles estava um amigão de Lençóis Paulista, mesma cidade do Rafael.
    Ganhei um CD e voltei para São Paulo ouvindo, pirei com a música "Rurais"!
    A partir daí, comecei a pesquisar sobre esse nosso talensoso músico, virei fã!
    Os sonos viajam entre diversos estilos, de letras tocantes e reflexivas, até à mais pura comédia.
    Sucesso!
    Abraços

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