quarta-feira, 22 de setembro de 2010

VMB 2010: Quanto pior, melhor.

Confesso que esperei ansiosamente pela quinta feira última. Pontualmente, às dez horas da noite, estava eu sentado na frente da TV com uma caixinha de amendoins no colo e um copo de refrigerante na mão. A MTV anunciava triunfante o início do VMB 2010, enquanto eu dava o primeiro gole na minha bebida gasosa.

No fundo, eu sabia que aquele ia ser o primeiro de muitos goles que me desceriam totalmente tortos pela garganta.

A edição 2010 do prêmio juntou o que há de mais pop no mundo atualmente e tentou mostrar tudo em duas horas, incluindo apresentadores de TV de outras emissoras. Isso ocasionou certos incômodos, ou, no mínimo, situações inusitadas. Raul Gil e Roberto Justus foram ovacionados pela platéia quando subiram ao palco, e Rodrigo Faro (talvez o apresentador mais pop do momento) apareceu por longos dois minutos para uma pequena esquete. Isso sem falar na união de Palmirinha Onofre com os colírios da revista Capricho para o anúncio da entrada do Capital Inicial no palco. Qualquer coisa de épico. Épico e vergonhoso.

Fresno abriu a batelada de shows, querendo ser Muse. O Restart não podia deixar de aparecer, levando o público ao delírio. Uma banda formada por integrantes da chamada 'nova geração do rock nacional' subiu ao palco para cantar Charlie Brown Jr. e Raimundos, também agradando a platéia. Mas foi só. Parece que o Capital Inicial não levanta mais as novas gerações, que o Ok Go não é muito conhecido no Brasil e que a genialidade de Otto não é bem compreendida pelas massas.

A entrega dos prêmios foi o que a maioria esperava: ganharia quem tivesse maior aceitação dentre os internautas, uma vez que o vencedor era decidido em votações na internet. Aliás, o artista mirim Justin Bieber não podia deixar de ser citado. Levou o "Melhor artista internacional" em cima da Lady Gaga. Pois é, tem competição até entre a ralé do pop.

Mas voltando, tendo em vista a aceitação na internet, é claro que o Restart era favorito. Tiro e queda. Levaram todos os cinco prêmios que concorriam: Banda pop do ano, hit do ano, revelação, clipe do ano e artista do ano. Artista do ano.

Essa ninguém engoliu.

É bem verdade que a platéia gritava "Pitty" com todas as suas forças no momento em questão, e não algo mais nobre, mas pelo menos estava gritando alguma coisa. Quando Restart foi anunciado como "Artista do ano" ninguém teve dúvidas e se pôs a vaiar a plenos pulmões. Eu, no sofá, quase engasguei com tamanha nobreza no ato, e por um momento pensei que nem tudo estava perdido na música brasileira.

Ledo engano.

Os coloridos subiram ao palco para receber o troféu e anunciaram: "Obrigado a quem votou, e obrigado a quem vaia, vocês fazem a gente crescer!". Até aí tudo bem, eles tinham que arrumar um jeito de sair pela tangente da situação constrangedora. O problema maior foi a entrevista concedida à apresentadora Marina Person na saída do evento. Quando indagados sobre a sensação de ser considerado "Artista do ano" um dos integrantes respondeu:

"Foi uma surpresa, acho que nem merecíamos esse prêmio, estávamos concorrendo com tanta gente que somos fãs... o Skank, por exemplo... a galera do Nx Zero, a Sandy! Meu deus, ganhamos da Sandy!"

Indignação por ganhar da Sandy?

Ouvi a declaração, dei o último gole no meu refrigerante, desliguei a TV e fui dormir ansioso para o VMB do ano que vem, porque pior que esse, torço, não vai dar pra ficar. E cabe agora a piada mais contada na internet nos dias atuais:

Tá na hora de dar um Restart na consciência, galera, que o futuro da música brasileira depende um pouquinho de cada um de nós.

Um comentário:

  1. o rock de empesários comanda os grandes meios de comunicação. Eu sinto pena das pessoas que ouvem essas coisas coloridas e ainda tem coragem de admitir em público

    A Sandy é muito melhor que eles, por isso eles sentiram vergonha de ganhar dela

    Adorei o texto e isso vai de encontro ao que eu penso. nessas horas ter aquela síndrome de underground faz bem

    Em tempo:
    faço parte da massa que não compreende a genialidade do Otto

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