Sobre essa banda já escrevemos notícias, mas nunca escrevemos uma release deles. Diretamente de São Paulo o Falando em Música blog apresenta a banda Ecos Falsos.
Você nunca viu uma banda como os Ecos Falsos, até porque você nunca viu os Ecos Falsos, ou então não precisaríamos escrever este release. Não importa o ângulo, esses quatro rostinhos bonitos do rock insistem em não ser iguais aos outros.
Eles se conheceram na Universidade de São Paulo, mas não são esquerdistas nem playboys, nem esquerdistas playboys. Tocam de um modo absolutamente punk, mas quase todos seus arranjos exigem pelo menos três guitarras diferentes. As músicas lembram tudo ao mesmo tempo, de Blur a Queens Of The Stone Age, de Radiohead a Tim Maia, de Língua de Trapo a Beach Boys - mas não é fácil apontar uma só banda com que se pareçam, o que deve ser um bom sinal. Se você perguntar eles vão dizer que gostam de Beatles, Mutantes, Frank Zappa e Cartola, entre muitas outras coisas. E um deles também gosta de Engenheiros do Hawaii, mas isso nós deixamos pra lá.
Sobre o que falam as músicas de "Descartável Longa Vida?" O apocalipse camarada ("Findo Milênio", dizem eles, antecipou o Afeganistão e o 11 setembro); carnaval, mas de um jeito nada Los Hermanos ("Qual será o problema de a gente ficar legal?/Já comprei o meu abadá/Eu aqui e o povo lá/Não é isso que vai nos separar", em "Clóvis Bornay is Dead"); síndrome de terceiro mundo, mas de um jeito nada Fausto Fawcett ("Como assim? Você não viu? / Se é bom pra Nova York é bom para o Brasil", em "A Última Palavra em Fashion"); heresia pura e simples ("Inibié não tem igreja/Onde houver fé leva a cerveja" em "O Bom Amigo Inibié")...
Nada é sagrado para os Ecos falsos, nem o sagrado. Muito menos o que é mais sagrado para 99% dos roqueiros tupiniquins, a eterna pose dos rockstars: contando piadas horríveis e trombando-se uns aos outros em seus shows, nunca deixam esquecer que rock, no país do forró universitário, é pura quixotice. Tom Zé, admirador desses heréticos desde 2004, canta na primeira faixa do disco: "Ó minha musa, isso não se faz, isso não se usa/Você sabe que um artista não se dá bem com a recusa" ("A Revolta da Musa").
Eles também falam de amor e sentimentos, claro, mas em várias alternativas ao surrado "te perdi"," cadê você", "volta pra mim" e quejandos. A primeira "romântica" do disco já é um chute na cara: "Meu amor/Eu preciso te dizer uma coisa/Eu só sou sentimental quando eu me fodo", diz "Sobre Ser Sentimental". Mas eles não são (só) uns brutos: abrem o coração agorafóbico em "Réveillon" (cujo clipe, feito por eles mesmos, foi finalista do VMB 2006), na balada curativa "Nada não" e no meigo flerte/discussão/admissão da necessidade de aturar o outro que é "Dois a Zero", cantando em dueto com Fernanda Takai, do Pato Fu. Sérgio Serra, guitarrista do Ultraje a Rigor e ex-Legião Urbana, põe tudo de volta nos trilhos do caos em "Isso Me Cansa", e tudo termina na inacreditável "Bolero Matador". Por que um bolero? Porque sim, oras!
Integrantes de uma nova geração do rock autoral brasileiro (que inclui também Rock Rocket, Vanguart, Violins, Zeferina Bomba, Charme Chulo, Ludov, Móveis Coloniais de Acaju, Superguidis e várias outras com quem dividem palcos), os Ecos Falsos já têm uma impressionante lista de cidades visitadas e fãs em todas as regiões brasileiras: Manaus, Porto Velho, Cuiabá, Campo Grande, Goiânia, Brasília, Porto Alegre, Ilhota, Florianópolis, Curitiba, Uberlândia, Natal, Recife, Garanhuns, Maceió e outros extremos, além de São Paulo e interior, Rio de Janeiro, Belo Horizonte. Tudo isso antes do primeiro disco, que está em suas mãos agoram ter sido lançado. Se continuar nesse ritmo, daqui pra frente vai ser difícil não ouvir falar deles.
Paulo Terron.
Integrantes:
Daniel Akashi (Guitarra e vocais)
Davi Rodriguez (Bateria)
Gustavo Martins (Guitarra e vocais)
Rodrigo BB (Guitarra e vocais)
Vini F. (Baixo e vocais)
Ecos Falsos - Spam do Amor
MySpace - Comunidade Ecos Falsos - Site Oficial - Twitter - Loja - TramaVirtual
Nenhum comentário:
Postar um comentário