quinta-feira, 9 de junho de 2011

Adultos Fluorescentes.


Numa primeira olhada, pensei que Suck it and see, nome do último disco do Arctic Monkeys, fosse baixaria. Senão baixaria, pelo menos algum comentário ofensivo, do tipo, "Chupa essa manga!". Enfim, sem divagações. Não era nada disso.

Em uma entrevista, o próprio Nick O'Malley, simpático baixista da banda, explicou que Suck it and see é uma expressão, mais ou menos equivalente à "Arque com as conseqüências"

(Desculpem minha ignorância, aqueles que já sabiam, mas para mim, não há muita diferença entre "Arque com as conseqüências" e "Chupa essa manga". Cabe discussão.)

Chega disso, vou contar logo a história:

Eu e mais um amigo, discutindo sobre qual seria o futuro do nosso gosto musical. Porque uma coisa é olhar pra trás, notar que se ouvia Sandy e Junior e dizer "obviamente era coisa de criança". E outra, muito diferente, é olhar pra trás, ver The Killers e Franz Ferdinand (que podem até ser coisa de adolescente, mas tem seu charme). Dava um certo desgosto pensar que daqui há alguns anos, olharíamos para bandas como essas e pensaríamos "coisa de criança".Afinal, nossos pais ouviram Beatles e Stones na adolescência.

Coisa de criança?

(Pelo amor de Deus, não pensem que estou comparando The Killers com Rolling Stones. Ainda estou o lúcido. Ainda.)

Chegamos à conclusão de que uma banda, pra acompanhar nossa vida pra sempre, teria que amadurecer à medida que seus fãs amadurecessem, mais ou menos como os Beatles fizeram entre o With the Beatles e o Sgt. Peppers. E amadurecimento vem com o tempo, com experiência, com ousadia e segurança. É um processo difícil, e como eu já disse em algum outro post, a indústria não perdoa erros.

Nós também não, sejamos francos.

Tanto não perdoamos, que não pensamos duas vezes antes de xingar qualquer banda que não alcança as expectativas num disco novo. E parece que no momento que o primeiro single é lançado, já sabemos se aquela banda irá nos acompanhar como trilha sonora de nossas vidas, até o momento em que só tivermos ouvidos pra jazz, samba e música clássica. E se quer minha opinião, quase sempre estamos certos.

Porque o Fall Out Boy não agüentou a pressão e preferiu cometer suicídio à tentar fugir de seu rótulo 'emo' (seguindo os passos do Blink 182), Snow Patrol e Death Cab for Cutie preferiram conquistar as novas gerações de adolescentes em vez de manterem os fãs antigos e o Weezer se enfiou na toca, pra Deus sabe quando sair. E os Strokes, coitados, até tentaram, mas pegaram o caminho errado na encruzilhada. Um caminho muito errado, por sinal.

E se numa primeira olhada Suck it and see parecia baixaria, numa atenta e cautelosa segunda olhada, é o nome perfeito. Não é só o nome do quarto, melhor e mais maduro disco do Arctic Monkeys. É um recado, um sarro muito bem tirado, direcionado a todas essas bandas que tentaram ser e não foram.

Porque se tem uma coisa que todos nós sabemos, inclusive Alex Turner e sua trupe, é que eles não são como estas bandas já citadas. O Arctic Monkeys vai ficar pra sempre, vai ser a trilha sonora de nossas vidas até só termos ouvido para jazz, samba e música clássica. Sendo assim, para todas as bandas que ficaram pelo caminho, eles próprios deixam a mensagem: "Nosso lugar no futuro está garantido. Vocês arquem com as conseqüências."

Ou, se você preferir, o recado é um simples e sonoro "Chupa essa manga!"

Suck it and see.

E se alguém quiser alcançá-los como maior banda de rock da atualidade, é melhor se apressar. Quem avisa, amigo é.

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