quarta-feira, 1 de junho de 2011

Rios, pontes & overdrives, impressionantes estruturas de lama!

Boa tarde, meus queridos, como estão?

Meu nome é Felipe Dias, sou jornalista, cinéfilo, já toquei numa banda indie e tenho alguns projetos de música eletrônica. Não me considero DJ, mas sou um adepto da boa discotecagem. Não vim aqui para falar de mim e, sim, sobre a nossa nova coluna. A partir de hoje, o Falando em Música disponibilizará para vocês informações sobre o eixo musical independente de Recife, capital de Pernambuco.

De fato, o Recife é uma cidade renovada no âmbito musical. E nisso pode-se constatar a onda manguebeat que a cena viveu na década de 1990. Porém não foi com Chico Science & Nação Zumbi que tudo começou. Muitos se esquecem de uma época recifense marcada pelo udigrudi, em meados da década de 1970, onde emergiram artistas do teor do Ave Sangria, Alceu Valença ou, até mesmo, Lula Cortês. A peculiaridade do rock pernambucano sempre esteve atrelada às raízes da cultura, do toque regionalista que tanto caracteriza os riffs mais pesados ou, talvez, as linhas de baixo mais improvisadas, somando a letras poderosas.

O tempo veio e o sustentáculo dessa penca de bandas teve um volume muito baixo de produção. A Ave Sangria de Marco Polo Guimarães, vocalista e compositor, foi para um hiato interminável e se perdeu nos bares e noites boêmias da Rua da Moeda, no Bairro do Recife – ou Recife Antigo, como preferir. Houve tentativas de retorno dos integrantes, mas todas falhas, infelizmente. Com o fim da década e do hiato de produções, 1980 só despertou ao final. Havia esperança nos subúrbios. De Casa Amarela, maior bairro da cidade, surgia algumas sutilezas pontuais. Principalmente num bairro dentro do bairro: o Alto José do Pinho. Lá, no final de 70 e começo de 80, o manifesto artístico era abundante. Havia bandas de punk, rock, hardcore, maracatu, frevo, rap e hip hop, enfim, uma variedade. Os fanzines eram distribuídos, garotos se juntando para beber vinho e escutar “rock pesado”, tidos como “maconheiros vagabundos”.

SS-20, Matalanamão, Faces do Subúrbio, O Verbo, só para citar algumas variações do bolo do Alto. Não se pode esquecer a mais pesada: Devotos do Ódio, que depois ficou conhecida apenas por Devotos. O nome da banda, no início da carreira dos caras, foi uma referência ao livro homônimo do escritor maranhense José Louzeiro, que gira sob um tema recorrente e histórico de Pernambuco: invasões do Movimento Sem Terra (MST). Cannibal, Cello e Neílton lutaram contra tudo e todos. Mas a luta e o ódio eram pacíficos, eram punkrockhardcore. E eles se conectavam, daí surgindo uma era propícia para a retomada da música pesada recifense: Sheik Tosado, Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A e o manifesto do Caranguejo.

Pois é, amigos, o apresentador China, de sotaque peculiar na MTV foi o antigo vocalista da banda Sheik Tosado. No álbum “Som de Caráter Urbano e de Salão”, é clara uma forte influência de uma geração. Assim como no “Da Lama ao Caos”, de Chico Science & Nação Zumbi, que mesclava as guitarras pesadíssimas com o som do maracatu. Devotos também marcava presença, mas um pouco antes desses dois, lançava o “Agora tá Valendo!”. E tava valendo, mesmo.

Bem-vindos ao mundo da música recifense, amigos. Uma nova era em reflexo a tudo que já foi feito. E tudo que virá! A música da Cidade do Recife tem algo notável: sua peculiaridade. Ao longo das postagens, mostrarei-as de forma a divulgar também os melhores artistas da terrinha. Por enquanto:


2 comentários:

  1. Cara que bom ver que o Falando em Música ta apresentando movimento!
    Sempre curti entrar aqui pra ler, mesmo quando era só a Virginia que escrevia.
    Com esses novos colaboradores tá ficando mais legal por que estão mais frequentes os posts.
    Valeu também por falar da minha cidade Filipe!

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